especial
Parapulverizar
bonsnegócios
Oagricultor Agenor Crespi não
economiza emtecnologiapara
manter a lavoura segura contra
doenças. Ele cuidapessoalmente
dos detalhes dos equipamentos.
nahorada
aplicação,alguns
detalhessão
fundamentaispara
queapulverização
deixealavoura
bemprotegida
CÁSSIO FILTER
É
em meio ao Planalto Médio, na pe-
quena cidade de Gentil, que o sim-
pático agricultor Agenor Crespi culti-
va cerca de 230 hectares de soja. No
minúsculo município, em que a população
rural é maior do que a urbana, a qualidade
do grão é uma obsessão para a maioria dos
produtores, que alcançam altíssimos índices
de produtividade. Aos 62 anos, Crespi conhe-
ce as artimanhas do cultivo como poucos. “A
soja produz bastante, mas é muito sensível.
É preciso cuidar bem dela. Não adianta, por
exemplo, ter uma semente boa se não se fizer
o manejo dela depois”, argumenta.
Por isso, o agricultor não esconde que, na
sua propriedade, acompanhar a tecnologia
das máquinas e dos implementos é uma prio-
ridade, tanto pelo ganho de produtividade
quanto pelo conforto pessoal. “Hoje, as má-
quinas fazem tudo sozinhas. Não tem como
dar errado. Dá para dormir dentro das má-
quinas”, brinca, deixando claro que é o filho o
responsável por esta parte. “Ele mexe melhor
nestas coisas de computador”, frisa. A proprie-
dade da família tem um parque de máquinas
de respeito, com plantadeiras, colheitadeira,
tratores e atémesmo umautopropelido.
Mas seu Crespi sabe também que de nada
servem os equipamentos modernos se não
houver dedicação e disciplina nomomentode
usá-los. E isso inclui a manutenção. “Comecei
colhendo soja comamão há 40 anos. Disso eu
entendo. Ainda bemque tudo evoluiu. Temde
se usar a modernidade a favor, né?” É por isso
que no seu pavilhão de máquinas tudo é reli-
giosamente organizado. Cada produto a ser
aplicado tem etiqueta, com anotações sobre
a aplicação adequada e restrições. Atémesmo
os bicos dos pulverizadores ele mesmo veri-
fica, e faz a troca, se necessário. “Este tipo de
dedicação é que faz a diferença no resultado
da safra. Não é só o que se colhe, mas quanto
se gasta para colher”, ensina, enfatizando que
considera este tipo de trabalho fácil e confor-
tável, quando comparado aos tempos emque
amecanização nao existia.
A dedicação de seu Agenor é considerada
exemplar pelo engenheiro agrônomo Elder
Dal Prá, especialista emmecanização agrícola
da Emater/RS-Ascar, que tambémé o chefe do
escritório da instituição em Gentil. Dal Prá ex-
plica que, no caso da pulverização, ao adotar
os procedimentos corretos, o produtor prote-
ge não só a lavoura mas também a saúde e o
próprio bolso. E a máxima vale para qualquer
tipo de cultivo, seja em grande ou em peque-
na escala. “Os cuidados são necessários tanto
para equipamentosmanuais usados emhortas
quantoparaos tratorizados,utilizadosemgran-
des plantações. O tamanho e a densidade da
gota, o tipode bico, ponta, peneira, alvo e deri-
va são algumas das variáveis que nemsempre
sãoobservadas,mas que têm influênciadireta
no resultado final da safra”, exemplifica.
O agrônomo ressalta que existem algu-
mas práticas consolidadas como corretas ou
eficientes, mas que, na verdade, são preju-
diciais ao desempenho da lavoura e podem
representar desperdício de produto, tempo e
dinheiro. Uma das principais é a falsa ideia de
que na pulverização uma maior taxa de apli-
cação com volume de calda trará mais efeito.
“Isto é errado. Não se trata de volume, mas de
cobertura. Embora existammuitas variáveis, a
essência da pulverização é simples e está re-
lacionada a três questões. Primeiramente, o
tipo de alvo; em seguida, o tipo de gota; por
último, omodelo de ponta. Esta é a sequência
básica de raciocínio”, frisa.
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JORNAL DA
EMATER
setembrO de 2017