IniciativaPremiada
Conhecimento
bemnutrido
TALINE SCHNEIDER
N
o início de outubro, emBrasília, esco-
las e produtores rurais do Rio Grande
do Sul têm grandes chances de bri-
lhar no 1º Congresso Internacional de
Alimentação Escolar. Durante o evento vão ser
apresentadas paramais de 300 representantes
de países da América Latina e do Caribe, além
do Brasil, ações criativas e inovadoras em rela-
ção ao tema, desenvolvidas por nutricionistas,
agricultores familiares e outros personagens.
Dos 25 trabalhos selecionados, 11 são gaú-
chos. ConformeopresidentedoFundoNacional
deDesenvolvimentoda Educação (FNDE), Silvio
Pinheiro, o principal objetivo do processo seleti-
vo, que ocorreu emmaio, foi incentivar e valori-
zar experiências exitosas da agricultura familiar
no âmbito do Programa Nacional de Alimenta-
ção Escolar (Pnae). “Quando as secretarias es-
taduais e municipais de Educação investem em
produtos de pequenos produtores, o desenvol-
vimentoeconômicodaregiãoéestimulado”, diz.
Do Rio Grande do Sul, concorrem as experi-
ênciasrealizadasnosmunicípiosdeDoisIrmãos,
CaciqueDoble,SãoLourençodoSul,Feliz,Tu-
ruçu,BentoGonçalves, Taquara,Machadinho,
NovaBassano, GauramaeTrêsCachoeiras.
O exemplo de Dois Irmãos é um dos que
chama atenção. Uma das idealizadoras da
proposta, Denise Maria Maldaner, conta que,
antes, a carne de gado era comprada em cor-
tes e por processo licitatório. “Mas devido às
reclamações das escolas em relação ao mau
cheiro e ao sabor da carne, ao alto custo pago
pelo produto e, ainda, ao comprometimento
com uma política de desenvolvimento local, o
Conselho de Alimentação Escolar decidiu com-
prar o animal vivo de produtores rurais domu-
nicípio por meio de chamada pública do Pnae,
para posterior abate”, explica.
A melhora na qualidade foi imediata. Até
mesmo uma sala de manipulação de carnes
(uma espécie de açougue) foi criada para a de-
sossaeretiradadagorduradoprodutoqueche-
ga diretamente da propriedade rural. O espaço
conta comcâmera fria,moedor de carne, facas,
caixastérmicas,bancadaseminox,luvasdema-
lhadeaço, ar-condicionadoebalança. “Nãoco-
nheço iniciativa semelhante emoutro lugar do
INICIATIVANACIONAL
deBoasPráticas
deAgricultura
FamiliarVOLTADAS
ÀAlimentação
EscolarTEMMUITOS
DESTAQUESGAÚCHOS
País”,
comen-
ta Denise.
Segundo o chefe do
escritório municipal da Ema-
ter/RS-Ascar, Heitor Mena Barre-
to Filho, o serviço de abate é feito em frigorífi-
co inspecionado e a carcaça é levada à sala de
manipulação. De lá, é encaminhada para toda
a rede de educação em caixas térmicas. “O
produtor recebe pelo peso de carne, semcon-
tar peso de gordura e pelancas”, frisa. Além
disso, antes de o agricultor entregar o gado, é
feito todo um trabalho de base, de sanidade
do animal. “Ele passa por testes de tubercu-
lose e brucelose. Todo animal que vai para a
merenda precisa estar saudável”, salienta.
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JORNAL DA
EMATER
setembrO de 2017