Revista AgroBrasil - 2016/2017 - page 41

O
ciclo anual da cana-de-açú-
car no Brasil, iniciado em
abril de 2016 e que termina
em março de 2017, pode fe-
char com incremento nas
pontas da cadeia produtiva, na qual o País é
lídermundial: a produçãoda cana e a oferta
e a exportação de seu produto mais carac-
terístico, oaçúcar. Como levantouaCompa-
nhia Nacional de Abastecimento (Conab),
em dezembro de 2016, embora havendo
divergências com consultorias, o proces-
samento da matéria-prima cresceria na or-
dem de 4,4%, atingindo volume recorde
de 694 milhões de toneladas, e a extração
do doce alimento evoluiria 18,9%, enquan-
to outro importante item industrial do seg-
mento, o etanol, recuaria 8,5% no cômpu-
to total dos dois tipos (anidro e hidratado).
O comportamento observado, de acor-
do comavaliação da Conab, é resultante da
boa rentabilidade do açúcar na tempora-
da, em virtude do déficit mundial registra-
do após período de oferta maior, que então
havia reduzido valores e produção. O preço
favorável ocorreu tanto no mercado exter-
no quanto no interno, e o dólar valorizado
também favoreceu as exportações do pro-
duto, ao lado da disponibilidade global me-
nor. Entre abril e novembro de 2016, con-
forme divulgado pela União da Indústria da
Cana-de-Açúcar (Unica), as vendas externas
aumentaram 29% em relação ao mesmo
período anterior. Índia, China e Indonésia
responderampelasmaiores compras.
A produção de cana-de-açúcar deve ser
maior neste ciclo, segundo a Conab, pelo
aumento de área colhida (5,3%), “resulta-
do da cana bisada da safra 2015/16, do au-
mento de área própria de algumas unida-
desdeproduçãoeda reativaçãodeunidade
em São Paulo”, Estado que é o maior pro-
dutor (57,7% do total). A ampliação de uso
de cana bisada, que sobrou da safra ante-
rior, ocorre no Estado paulista e no vizinho
Paraná, na região Centro-Sul. A produtivi-
dade nacional esperada (76.232 kg/ha) fica
próxima à obtida no período anterior, com
pequena redução (0,9%). O número já foi
maior, mas “o elevado endividamento do
setor ainda retrai investimentos em tecno-
logia e renovação adequada dos canaviais”,
constata a Confederação da Agricultura e
Pecuária doBrasil (CNA).
A região Centro-Sul, que responde por
mais de 90% da produção e com boa parti-
cipação ainda deGoiás, Minas Gerais eMato
Grosso do Sul, apresenta produtividade
maior do que a Norte-Nordeste, chegando a
80.237 kg/ha na safra anterior, mas agora di-
minui um pouco. A outra área, que sofrera
efeitos da estiagem, deve ter algum aumen-
to.Quantoàdestinaçãodamoagemdacana,
apesardecresceraopçãoparaaçúcarnaeta-
pa 2016/17, o total ainda émaior para etanol
(53,25%a46,7%, noCentro-Sul, pelosnúme-
ros da Unica entre abril e novembro, contra
58,56%a41,44%na faseanterior).
O etanol anidro, misturado à gasolina,
em índice que passou de 25% para 27% em
2015, ainda deve ter acréscimo na produ-
ção.PornúmerosdaConabemdezembrode
2016, a variação positiva seria de 1,5%, im-
pulsionada pelo aumento no consumo de
gasolina. Já no hidratado, de maior expres-
são, vendido direto nos postos para uso em
carros
flex
, o órgão oficial estima recuo nes-
ta etapa produtiva, de até 14,3%, “resultado
do menor consumo deste combustível e da
maior destinação da moagem para açúcar”.
SegundoaAgênciaNacionaldePetróleo,Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2016,
até outubro, a demanda de gasolina avan-
çou 3,4%e a do hidratado caiu 16,6%.
Umatemporada
bemdoce
Compreçosatrativos,produçãodeaçúcardecanaéampliadapelolíder
Brasilnasafra2016/17,enquantoaindaeracogitadomaiorprocessamento
DIFERENÇAS
Dados levantados pela Unica namaior região produtiva, entre abril e novembro de 2016, confirmam, demodo geral, as tendências na-
cionais apontadas pela Conab, mas com índices diferenciados, emparticular no etanol, comredução total menor (4,83%). Na produção de
cana e de açúcar, os incrementos se assemelham, mais 3,87% e 18,1%, pela ordem, enquanto no anidro sobe a 4,87% e o hidratado teria
menor variação redutiva (10,91%). Aentidade ainda registra evoluçãodomercadodobiocombustível noperíodo, que corresponde emâm-
bito internoaomovimentoprodutivo, aopassoquenaexportaçãoocorrediminuição, commenor disponibilidade. Emrelaçãoàprevisão fi-
nal da safra de cana, estimada emdezembro de 2016 pela Conab comaumento tambémna principal área produtora do Centro-Sul (4,5%),
a Unica evidenciava emnovembro, ao contrário, possibilidade de não ser atingido o limite inferior projetado emabril para a região, de 605
milhões de toneladas. Até aquelemomento, o processamento eramaior emcomparação aomesmo período anterior, mas ocorreu anteci-
pação na colheita emais usinas estavamparando amoagemantes. Alémdisso, a produtividade apresentava redução.
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