indústria), a oferta equilibrou-se à deman-
da interna. As cotações domésticas eleva-
ram-se gradativamente, até baterem na
casa dos R$ 50,50 no início do segundo
semestre (agosto e setembro) nos polos
gaúchos. O auge em Santa Catarina foi de
R$ 49,00, e no Mato Grosso, de R$ 65,00.
Para um custo de produção entre R$
45,00 e R$ 46,00 por saca, em média, no
Rio Grande do Sul, o valor era remunera-
dor. Só que a maior parte dos agriculto-
res vendeu o cereal na colheita, muitos
abaixo do custo de produção. A situação
agravou a crise de crédito, já aprofunda-
da pelas perdas acarretadas pelo fenô-
meno climático
El Niño
.
“A orizicultura do Sul do Brasil vive re-
alidades muito distintas. Em 2016 se ti-
nha produtores capitalizados, que usam
alta tecnologia, em geral proprietários
de terras que adotam rotação de cultu-
ra com soja e integração com pecuária, e
que chegaram a lucrar R$ 3 mil por hec-
tare”, explica Henrique Dornelles, presi-
dente da Federação das Associações de
Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fede-
rarroz). “Mas houve agricultores que per-
deram a colheita toda, não tiveram co-
bertura de seguro, perderam o crédito e
enfrentam graves dificuldades. A maioria
absoluta teve perdas, totais ou parciais, e
fechou a safra 2015/16 no vermelho.”
EXTENSÃO
Os baixos preços pra-
ticados no mercado brasileiro entre mar-
ço e maio de 2016, frente aos custos de
produção, ainda impactam o setor ar-
rozeiro. “Sem crédito oficial, e com per-
das, muitos orizicultores tiveram de op-
tar por custeio a juros de mercado e por
fornecedores e compradores, com regras
e prazos muito apertados”, avalia o con-
sultor Carlos Cogo. “Isso quer dizer que,
apesar de algumatraso na colheita da sa-
fra 2016/17 por causa de eventos climá-
ticos pontuais, haverá concentração de
oferta, novamente, por parte dos arro-
zeiros menos capitalizados, e quem lu-
crou em 2016 deve voltar a lucrar no ciclo
2017/18”. Os reflexos foram sentidos em
fevereiro, com os preços caindo mais de
5%, e em 15 dias de março, quando des-
perancaram mais 11,5%, segundo o indi-
cador de preços Esalq/Senar-RS.
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