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ue a interação de diferentes
compostos químicos deter-
mina o sabor e o aroma do
café todo mundo sabe. Mas
a forma com que agem al-
guns destes elementos e as circunstâncias
e as áreas da planta que interferem na pro-
dução destes compostos ainda são campos
a serem pesquisados. Cientistas brasileiros
deram passo importante ao desenvolverem
estudo que indica os caminhos que podem
levar a ummapeamento genético e à evolu-
çãodo conhecimentonesta área.
Pesquisadores do Instituto Agronômico
do Paraná (Iapar), em colaboração com co-
legas das universidades Estadual de Londri-
na (UEL), do Oeste Paulista (Unoeste) e da
Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio
Cientistasbrasileirosidentificamcompostos
químicosimportantesquevãomuitoalémdo
grãoparadeterminarosaboreoaromadocafé
ro podem produzi-los, a pesquisa irá com-
parar a produção em diferentes variedades
de arábica e identificar os genes responsá-
veis por produzi-los.
O caveol e o cafestol são lipídeos e inte-
gram uma classe de compostos químicos
chamados terpenoides, que conferem o sa-
bor da menta e o aroma do sândalo, por
exemplo. As substâncias têm propriedades
antioxidantes e são produzidas por diferen-
tes partes da planta para repelir insetos her-
bívoros ouatrair polinizadores. Apresentam-
-se em grandes concentrações no óleo do
cafeeiro e são utilizadas pelas indústrias de
cosméticos e farmacêutica.
Até agora, os estudos sobre a quantifica-
ção dessas substâncias no cafeeiro eram re-
alizados nas áreas de Química e Engenharia
deAlimentos comfoconogrãode café, onde
há concentrações variáveis de 10% a 15%.
Como compõem fração importante do grão,
e uma vez que substâncias damesma classe
química têm influência no sabor da menta e
noaromadosândalo,oscientistasdecidiram
Claro, alémda Empresa Brasileira de Pesqui-
sa Agropecuária (Embrapa Café) e do Centro
de Cooperação Internacional em Pesquisa
AgronômicaparaoDesenvolvimento (Cirad),
da França, resolveram desvendar o mistério:
mediram as concentrações de caveol e o ca-
festol emfolhas, raízes, florese frutosdeuma
variedade de café arábica. Os resultados fo-
rampublicados na reconhecida revista
Plant
PhysiologyandBiochemistry
eforamdestaca-
dospela tambémimportante
Science
.
“A pesquisa produziu inédita quantifica-
ção dos compostos que têm relação direta
comoaromaeosabordocaféemoutrosór-
gãosdaplanta, nãoapenas nogrão”, explica
Douglas Domingues, umdos autores do es-
tudoeprofessordaUnesp,deRioClaro(SP).
Com a indicação de quais órgãos do cafeei-
As
partes
eotodo
Inor Ag. Assmann
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