Anuário Brasileiro do Café 2017 - page 79

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Da raiz ao fruto
Com base na constatação de que as raízes do cafeeiro têm níveis de caveol simila-
res aos encontrados nos grãos, os pesquisadores pretendem comparar os padrões de
atividades de genes nessas duas partes da planta e identificar quais deles estão rela-
cionados àproduçãodesse compostoe tambémdocafestol. DouglasDomingues, pro-
fessor daUnesp, emRioClaro (SP), afirma que para elucidar a questão o grupode pes-
quisas deseja sequenciar o transcriptoma de duas variedades de cafés com histórico
demelhoramento distinto para tentar identificar quais genes estão presentes emdife-
rentes tecidos das plantas.
Sabendo que um determinado gene não é ativo na folha, mas é ativo na raiz e em
outras partes da planta, por inferência é possível testar a hipótese de ele ser o respon-
sável pela produção de caveol e de cafestol. Domingues, que integra o consórcio inter-
nacional para sequenciamentodogenomadocaféarábica, consideraprioritário, neste
momento, entender a base genética do cafeeiro e as razões moleculares das diferen-
ças de concentração de caveol e de cafestol em partes distintas das plantas. A ideia é
utilizar o conhecimento para aumentar a resistência, auxiliar o melhoramento genéti-
co e produzir esses compostos em laboratório, utilizando estratégias de biotecnologia.
quantificá-los emoutraspartesdaplanta.
Os pesquisadores mediram as concen-
trações de caveol e cafestol nas folhas, raí-
zes, flores e frutos de uma variedade de café
arábica emsete estágios de desenvolvimen-
to (entre 30 e 240 dias após a floração) por
meio de ummétodo que permite separar os
compostos químicos.
Asanálisesindicaramquenosbotõesflo-
rais houve maior nível de cafestol e nas raí-
zes a maior concentração de caveol compa-
rativamente aos frutos. Aomesmo tempo, a
concentração de cafestol aumentou ao lon-
go do desenvolvimento do fruto, atingindo
o pico após 120 dias da floração. Nas folhas
nãohouvedetecção.
“Uma das hipóteses para explicar a pre-
sença desse compostos em algumas par-
tes da planta e a ausência em outras é que,
como algumas de suas funções são repe-
lir insetos e atrair polinizadores, talvez seja
mais interessante usá-los contra organis-
mos que interajam com seus frutos e raízes
do que afastar os insetos que atacam as fo-
lhas”, avaliaDomingues.
Ospesquisadoresnãosabemseosníveis
desiguais dos compostos emdiferentes par-
tes da planta se aplicam a todas as varieda-
des de arábica, pois avaliaram apenas uma.
Mas sabendo quais órgãos da planta produ-
zem as substâncias, vão comparar a produ-
ção entre as diferentes variedades.
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Revista especializada colocou estudo em forte evidência no mundo todo
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