Anuário Brasileiro de Aves e Suínos 2016 - page 49

Tádifícil, mas
melhorar
“De uma maneira geral, 2016 foi um
ano bastante difícil, sobretudo pela ques-
tão do milho, com aumento de até 70%
a 80% em relação a 2015, e o suinocultor
não conseguiu repassar esse custo ao pre-
ço”, avalia Nilo de Sá, diretor executivo da
Associação Brasileira de Criadores de Suí-
nos (ABCS). A indústria, da mesma forma,
sentiu dificuldades para repassar custos,
embora conseguisse ainda algum equilí-
brio, com bom desempenho das exporta-
ções, observa Rui Vargas, vice-presidente
de suínos e diretor técnico da Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A relação entre produto e insumo che-
gou a atingir um quilo de suíno para qua-
tro de milho, quando o normal é de sete
a oito quilos do cereal, situação que im-
possibilita a obtenção de resultado para o
criador, comenta Nilo. O problema se acen-
tuou no primeiro semestre, com falta e alta
do milho provocadas pela forte venda ex-
terna do grão em 2015 e quebra da segun-
da safra em 2016. O preço, segundo ele,
“até não chegou a ser ruim, com diferença
de 3% a 5% sobre o ano anterior, que foi
bom, mas a grande frustração ocorreu de
fato em relação aos custos”, salienta.
Sobre fatores que mantiveram o va-
lor ainda razoável, o dirigente aponta o ní-
vel alto preservado no referencial da carne
bovina, o consumo ainda resistente, ape-
sar da recessão, e com apoio institucional,
além de volume recorde de exportações. Já
Valdecir Folador, presidente da Associação
dos Criadores de Suínos do Rio Grande do
Sul (Acsurs) e conselheiro de mercado da
ABCS, assim como Vargas, da ABPA, acre-
dita que a crise interna afetou o consumo,
enquanto reforça o ponto positivo da ex-
portação, que ajudou a escoar a produção.
Folador conclui: “2016 será um ano mar-
cado pela descapitalização e pela dificulda-
de financeira dos produtores”.
De qualquer forma, ambos viam, no iní-
cio de novembro, que os números da ofer-
ta de carne suína voltariam a crescer em
2016, com bom desempenho produtivo:
de 3% a até 5%, conforme o líder da ABPA,
e mesmo 6% a 7%, de acordo com Fola-
d r. O mesmo deve acontecer nos próxi-
mos anos, de acordo com dado da Organi-
zação das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação (FAO), divulgado pela Con-
federação da Agricultura e Pecuária do Bra-
sil (CNA). Até 2024, por esta fonte, a pro-
dução brasileira cresceria 21% e chegaria a
4,3 milhões de toneladas.
Quanto a 2017, a expectativa da área
produtora é de que possa ocorrer redução
de custo commaior disponibilidade de mi-
lho. Para tanto, diz Nilo de Sá, da ABCS, é
importante o ingresso da importação libe-
rada dos Estados Unidos, maior produtor
e com grande safra, além da ocorrência de
boa safrinha do Brasil. Ainda a exportação
do grão brasileiro preocupa Folador, da
Acsurs. “Sem querer impedir a rentabilida-
de ao produtor de milho, o preço do grão
acima de R$ 48,00, como em 2016, invia-
biliza a cadeia produtiva que o consome”,
frisa. Por fim, Vargas, da ABPA, espera que
se mantenha o ritmo das vendas externas
suínas e que haja reação nas condições de
consumo interno.
pode
Sílvio Ávila
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