Anuário Brasileiro de Aves e Suínos 2016 - page 42

Depois de temporadas marcadas por es-
tabilidade nos cenários de produção e de
mercado da avicultura de corte, emque o se-
tor avançava em voos arrojados, 2016 trou-
xe um balde de água fria nos negócios. A
instabilidade econômica nacional, que teve
como pano de fundo a turbulência na políti-
ca, no segundo semestre do ano reverberou
diretamente sobre a atividade.
O forte aumento nos custos, em espe-
cial da ração, base alimentar da cadeia, por
conta das cotações do milho e da soja, bem
como a queda no consumo, diante do re-
cuo no poder aquisitivo da população, se
fez sentir nos alojamentos de pintos de cor-
te, primeiro termômetro do que acontecerá,
em questão de poucas semanas, no abate. O
presidente da Associação Brasileira de Pro-
dutores de Pintos de Corte (Apinco), José
Flávio Neves Mohallem, diz que só no caso
da alimentação o aumento no custo chegou
a cerca de 20%. "E isso os empresários não
Chicks
PINTOS
DESARTICULAÇÃO
O presidente da Apinco, José Flávio Ne-
ves Mohallem, salienta que o cenário de
retração é macro, em todas as regiões do
Brasil. No caso do alojamento de pintos, em
caso de reversão de expectativa no merca-
do, a reaçãodo setor nunca pode ser instan-
tânea. “Quando se tem um número de ma-
trizes emprodução, é preciso ficar comelas
por 18 meses, de maneira que uma mudan-
ça nos planos só pode ocorrer depois desse
período”, explica. Mesmo no abate, quan-
do uma empresa está com a estrutura em
operação, mudanças de rota implicam em
custos imediatos, emespecial coma reade-
quação da ocupação da capacidade insta-
lada, seja em equipamentos, seja em mão
de obra.
A tarefa do segmento como um todo,
da área de produção de pintos de corte ao
abate, é o ajuste fino à demanda, olhando
de forma atenta para 2017. “A expectativa
ainda é positiva”, confirma Mohallem. Men-
ciona que o cenário político já não é tão tur-
bulento, e que os clientes externos seguem
confiantes e parceiros do Brasil. “Vamos ver
agora como o câmbio passará a atuar sobre
a rentabilidade e asmargens do setor”, frisa.
Alojamentode pintos
de corte precisou
redefinir o rumo em
2016, por conta do
aumentonos custos de
produção e da queda
no consumo interno
terreno
Avaliando o
puderam repassar", frisa. Como o mercado
interno já se mostrava recessivo, se o setor
agregasse ao preço final o incremento de
seus gastos decorrente da ração, então mes-
mo é que o comércio ficaria inibido.
Ao contexto de alto custo da alimentação
dos plantéis e da queda no consumo interno
aliou-se a oscilação do câmbio. Com o dó-
lar fortalecido, o ingresso de receita externa,
diante dos bons números nas exportações
de carne de frango ao longo do primeiro se-
mestre de 2016, permitiu contrabalançar um
pouco as perdas. Mas à medida emque o dó-
lar recuou, os negócios como exterior foram
afetados, em especial entre junho e julho, na
virada do primeiro para o segundo semestre,
quando o volume embarcado caiu.
Mohallem refere que na comparação en-
tre o primeiro semestre de 2016 e o de 2015,
nos negócios do setor, ainda houve cresci-
mento de cerca de 3% na produção, num
atestado de que a cadeia vinha trabalhando
com projeções confiantes. Mas já em setem-
bro de 2016, último dado de parâmetro dis-
ponível até o final de outubro, os dois perío-
dos, de 2015 e 2016, já estavamno empate. "E
nos três últimos meses de 2016 a tendência é
de que se siga com recuo, devendo fechar o
ano com queda de cerca de 5%", afirma.
Inor Ag. Assmann
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