Economia no lar
Recessão econômica atinge consumode produtos lácteos, diminui a
sua presença na mesa dos brasileiros em 2015 e mantém perspectiva em 2016
Inovação
“O principal desafio do setor é voltar
a aquecer a demanda em um ambiente
onde ocorre retração do poder aquisitivo
da população, e a única forma de reverter
este cenário é por meio da inovação
tecnológica em produtos e processos”,
comenta Marcelo Martins, diretor executivo
da Associação Brasileira de Laticínios (Viva
Lácteos). Um bom exemplo disso, diz,
foi o iogurte grego, que gerou aumento
significativo de demanda do produto no
período pós lançamento.
O executivo pontua ainda a relevância
da melhoria nos processos de gestão das
indústrias de laticínios, para se tornarem
mais competitivas, mencionando, no
entanto, que muitas já estão fazendo
isso. Por outro lado, o segmento faz
reivindicações junto ao governo no âmbito
do consumo dos produtos lácteos, caso da
mudança do Guia Alimentar Brasileiro no
Ministério da Saúde, que ainda recomenda
o queijo commoderação e não indica o
iogurte.
O que se pede, reforçaram entidades
do setor a Blairo Maggi, ministro da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em
21 de junho de 2016, é a recomendação
de queijos e iogurtes, em três porções/dia,
como importante fonte de nutrientes e
proteínas. Esta potencialidade dos produtos
deve ser destacada, como ocorre em
muitos países da Europa, frisa Guilherme
Portella, vice-presidente do Sindicato da
Indústria de Laticínios e Produtos Derivados
do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), que
representou as indústrias gaúchas no
encontro, onde buscaram apoio para tanto
junto à área da saúde.
A mesa dos brasileiros evidencia os efei-
tos dos problemas econômicos enfrentados
pelo País, o que se reflete de igual forma no
leite e em produtos relacionados. As estima-
tivas feitas sobre os anos de 2015 e 2016 in-
dicam que haverá retração no consumo de
lácteos em proporções semelhantes à que-
da apresentada na produção. Nas contas da
Companhia Nacional de Abastecimento (Co-
nab), a redução de 2015 pode ficar próxima
de 1%, enquanto a Embrapa Gado de Lei-
te calcula que o índice negativo ficará acima
dos 2%, oumais perto dos 2,8% a menos de-
tectados na produção inspecionada adquiri-
da pelas indústrias.
“A retração no consumo de lácteos é re-
flexo da recessão instalada no País, que ge-
rou desemprego e inflação e reduziu a ren-
da do brasileiro”, relatam Rosangela Zoccal e
José Luiz Bellini Leite, pesquisadores da Em-
brapa Gado de Leite, em análise de conjun-
tura no mês de março de 2016. Sobre este
ano, fazem referência a estudo do Rabobank,
segundo o qual o consumo aparente de leite
no Brasil, levando em conta a disponibilida-
de per capita e a relação com a renda, deve
cair mais uma vez, ainda mais em produtos
de maior valor agregado, como queijos e io-
gurtes, que podem perder espaço da ordem
de 4% nos lares brasileiros.
A análise da instituição bancária men-
ciona relato das empresas de que consumi-
dores reduzem o número de itens compra-
dos de um produto específico e procuram as
promoções. Por outro, observa que a redu-
ção da demanda ainda traz dificuldades para
que a indústria possa repassar preço mais
alto da matéria-prima reduzida. Quanto à re-
cuperação do consumo, é esperada retoma-
da gradual a partir de 2017. Porém, deverá le-
var ainda um tempo razoável até que se volte
aos níveis já atingidos no período 2013/14.
Inor Ag. Assmann
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