Inor Ag. Assmann
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Os fatores climáticos e os menores in-
vestimentos no setor de sementes forragei-
ras interferiram diretamente no resultado
negativo da produção no Brasil. Na safra
2015/16, as estimativas apontam para retra-
ção de 30%, inflacionando os preços do pro-
duto. Em 2016, os valores estão 300% mais
caros do que em 2015, ano em que o vo-
lume de sementes de forrageiras tropicais
produzido foi de 67.714 toneladas, segundo
dados divulgados pela Associação Brasileira
de Sementes e Mudas (Abrasem).
Hoje, os cinco maiores estados brasi-
leiros produtores são Minas Gerais, Bahia,
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Juntos, produziram 64.734 toneladas na úl-
tima safra. Antigamente, quem liderava o
cultivo era São Paulo, onde estão centrali-
zadas as grandes empresas do setor. “Com
o
boom
da cana-de-açúcar, as terras ficaram
muito caras e a produção migrou para regi-
ões mais baratas, uma vez que a forrageira
não precisa de solos ricos emnutrientes”, ex-
plica o agrônomo Adrian Belleggia. Depois
da colheita, as sementes acabam voltando
para o Sudeste, onde acontecem o benefi-
ciamento e o condicionamento para venda.
Conforme o empresário, gerente da La-
tinSem Comércio, Importação e Exporta-
ção de Sementes, os custos de produção
O problema da pirataria
A cadeia produtiva de sementes de forrageiras tropicais enfrenta altos índices de
pirataria. Estima-se que 60% do mercado brasileiro é ilegal. O gerente da LatinSem,
Adrian Belleggia, acredita que uma forma de solucionar a questão seria liberar o padrão
mínimo de semente, que hoje é de 60%. “Tenho de vender uma semente com 60%
de pureza a R$ 25,00 e os piratas vendem uma com 18% de pureza a R$ 7,00. Como
competir? O sistema de comercialização é complicado e o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) só fiscaliza empresas estabelecidas”, diz.
O agrônomo acredita que quanto mais enfática for a proibição, mais existirá intervalo
entre o legal e o pirata. Hoje, ressalta, há regiões brasileiras em que só se vendem
sementes piratas. “Este é um tema muito polêmico dentro do setor. A maioria não tem
coragem de falar em liberação de padrão porque tem medo de ser tachado de picareta”,
comenta. “Só trabalho com semente pura de exportação. Então, fico muito à vontade
em falar disso, uma vez que, quando faço a projeção de minha empresa, vejo que não
poderei crescer no Brasil nessas condições”, finaliza.
Nas
alt ras
Comrecuona
produçãodesementes
de
forrageiras
tropicaisde30%na
safra2015/16, preçodo
produtoestá300%mais
alto, aquecendoosetor
da atividade são bastante onerosos para
os produtores. Isso ocorre, em especial,
devido à baixa produtividade por hecta-
re, tendo em vista que são sementes sem
melhoramento genético, por sua forma re-
produtiva apomítica, diferente de soja, mi-
lho ou feijão. Outro fator determinante é
o tipo de colheita, que ocorre de manei-
ra muito lenta e minuciosa, precisando de
clima seco. “É um sistema produtivo nada
tos que não podemos, por nosso sistema
produtivo ser tão específico". Por intermé-
dio da Associação Nacional de Produtores
de Sementes de Gramíneas e Legumino-
sas Forrageiras (Anprosem), a ideia é tentar
mudar esse cenário. “O setor de forrageiras
tropicais tem 800 registros. É o único que
tem diversidade enorme de pequenos e
grandes produtores. Necessitamos de mais
atenção por parte do governo, uma vez que
temos a melhor distribuição de renda do se-
tor de sementes”, justifica.
convencional e commuito mais operações
do que os tradicionais”, explica.
Belleggia reforça que o manejo do culti-
vo também é delicado, já que precisa de cli-
ma favorável, com bons níveis de chuva para
ter um
stand
de plantas satisfatório. “O flo-
rescimento é fundamental para o enchimen-
tos dos grãos, o que dará uma semente de
boa qualidade", explica. Além das questões
produtivas, que demandam cuidado rigo-
roso, a cadeia produtiva se preocupa com
a falta de apoio. “Não temos linhas de cré-
dito específicas e nem financiamento de es-
toque como as grandes culturas", lamenta.
"Em 2016, muitas empresas sairão da ativi-
dade por falta de capital de giro e devido aos
juros extorsivos dos bancos brasileiros”.
Outra questão que causa apreensão diz
respeito às leis. “Os que legislam em se-
mentes sempre fazem as leis com base nas
grandes culturas e nós, do setor forrageiro,
estamos sempre tentando nos adaptar a fa-