Inor Ag. Assmann
O feijão é um dos queridinhos dos bra-
sileiros e, junto com arroz, forma a dobradi-
nha que é preferência nacional. Para aten-
der à demanda produtiva do grão, antes
mesmo de as lavouras serem semeadas, o
setor sementeiro trabalha de maneira in-
cansável. Tanto que hoje o Brasil é autossu-
ficiente na produção de sementes de feijão,
em especial do tipo carioca, a variedade pre-
ferida pela população. Como essa cultivar é
praticamente consumida apenas no País, as
exportações ainda são incipientes.
Conforme o gerente de merca-
do da Embrapa Produtos e Merca-
do, Alessandro Cruvinel, atual-
mente há alguns compradores
da semente de feijão brasi-
leiro na Venezuela e em al-
guns países da África, mas
ainda em caráter de avalia-
ção, para testes de adaptabi-
lidade. Enquanto busca no-
vas fronteiras comerciais, a
cadeia produtiva en-
frenta alguns pro-
blemas no mercado interno, como o desa-
fio de criar novos materiais cada vez mais
resistentes a doenças.
O baixo percentual de uso de sementes
é outro obstáculo do setor sementeiro, já
que esse nicho ainda é bastante dominado
pelas sementes salvas pelos agricultores.
“Aos poucos, com um massivo trabalho
de conscientização, estamos superando
essa dificuldade, que prejudica todos os
elos do setor”, argumenta. O percentual
de uso de sementes de feijão em território
nacional é de somente 18%, mas em pas-
sado nem tão distante era de apenas 10%.
A gerente comercial da Sementes Ma-
rambaia, Chayene Cynthia Nunes Ferreira,
reforça que o mercado está crescendo, ao
passo que tenta sensibilizar os produto-
res de que é preciso optar por sementes
com origem. “Os reflexos são sentidos di-
retamente na produtividade. São plantas
mais vigorosas, com melhor desenvolvi-
mento e uniformidade, o que as semen-
tes piratas não oferecem. Esses diferen-
ciais compensam os investimentos, tendo
em vista que os resultados das colheitas
são mais efetivos”, pondera.
A empresa, situada em Rio Verde (GO),
foi criada em 2004 e atua exclusivamente
no mercado de sementes de feijão. A média
produtiva anual chega a 3milhões de quilos,
absorvidos pela carta de cerca de 1 mil clien-
tes em todo Brasil. Conforme Chayene, a Se-
mentes Marambaia produz a BRS MGMadre
Pérola, cujo grande diferencial é o pigmento
que não escurece. “É a única variedade que
gera grãos que aguentam mais tempo arma-
zenados, sem perder valor", enfatiza.
Para uma
boa
feijoada
Mercadode sementes
de
feijão
no Brasil
cresce, ao passoque
tenta sensibilizar os
produtores de que
é precisooptar por
sementes comorigem
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Terra de feijão
As estatísticas de produção divulgadas pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), em seu anuário de 2015, demonstram
que o Brasil produziu 32.586 toneladas de sementes de feijão na safra 2014/15, em 3 milhões de hectares, e com taxa de utilização de
sementes de 19%. No período 2013/14, o volume chegou a 26.330 toneladas. A produção de sementes de feijão Caupi foi de 948 toneladas
em 2015 e de 864 na etapa anterior.
Os estados brasileiros envolvidos com a produção de sementes de feijão são Bahia, Ceará, Goiás, Distrito Federal, Maranhão, Minas Gerais,
Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Na safra 2014/15, os três
maiores produtores foram Goiás (7.840 toneladas), Minas Gerais (5.691 toneladas) e Paraná (5.676 toneladas).