Sílvio Ávila
41
40
As sementes são consideradas insumo
básico na formação de plantios florestais e
também na recuperação de áreas degrada-
das. Para compor florestas de produção, em
específico de eucalipto, a quase totalidade
das áreas é cultivada com mudas clonais,
provenientes da propagação vegetativa. Já
a maioria das florestas de pinus e de reflo-
restamento são seminais, commudas nasci-
das de sementes. Para que o País alcance a
Balanço positivo
Os associados do Ipef produziram 253,8
quilos sementes em 2015. No ano anterior,
foram 500 quilos. A baixa produção,
conforme o gerente de Produtos e Serviços
Florestais Israel Gomes Vieira, sofreu
influência direta dos dois últimos anos com
baixa precipitação. “O período de seca foi
determinante para a queda de botões florais
e, consequentemente, a baixa produção de
frutos e sementes”, esclarece.
O total comercializado em 2015 foi de
380,31 quilos de sementes. Desse montante,
302,31 quilos são de espécies exóticas,
sendo 290 quilos de
Eucalyptus
spp e 12,31
quilos de
Pinus
spp. As essências nativas
totalizaram 75,15 quilos de sementes. A
perspectiva de produção de mudas com o
volume de sementes distribuído em 2015 é
de 23,5 milhões de mudas, para estimativa
de plantio de 15 mil hectares.
InstitutodePesquisase
Estudos
Florestais
(Ipef) apostaqueA
sincroniaentreAoferta
eAdemandapode
impulsionarmercado
desementesnessesetor
Com espaço
para
crescer
maior produtividade mundial do setor, os
trabalhos de melhoramento não param de
avançar com base em cruzamento, ou seja,
com a produção de sementes.
O desenvolvimento da cadeia produti-
va começou na década de 1960, impulsiona-
do por incentivos fiscais. A demanda crescen-
te manteve-se até o final dos anos 90, quando
começaram os plantios clonais. Ao longo des-
se período, e até os dias atuais, o Instituto de
Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef ) atua com
a produção e a comercialização de sementes,
consolidando-se como um dos grandes cen-
tros provedores no mundo de espécies exó-
ticas e de essências nativas. O trabalho da en-
tidade na área de tecnologia busca viabilizar a
produção, tornando-a umnegócio rentável.
De acordo com o gerente de Produtos e
Serviços do Ipef, Israel Gomes Vieira, hoje o
Brasil é referência do ponto de vista do me-
lhoramento de espécies produtivas. “Bas-
ta observarmos o resultado da nossa silvi-
cultura”, aponta. A legislação específica de
regulamentação do segmento de sementes
e mudas florestais também conta pontos
para o País, pois possibilita a rastreabilida-
de da produção. No entanto, o dirigente
pondera que a colheita, o beneficiamen-
to e o armazenamento de sementes flores-
tais ainda são desafios, em especial devido
à grande diversidade de espécies.
Outro obstáculo, conforme Vieira, é
que a implantação de novas áreas produ-
toras de sementes de espécies produtivas
não acontece há praticamente 20 anos em
território nacional. “Estamos em um perío-
do de perda dematerial genético e a geração
de novos clones, oriundos de cruzamentos
específicos, é a prioridade nomercado", refe-
re. "A produção de sementes comerciais se
restringe praticamente às espécies nativas
e temos oferta muito abaixo da quantida-
de e da qualidade necessárias”.
A inexistência de sincronia entre oferta
e demanda, em sua visão, impede o cresci-
mento da produção. “A falta de oferta de se-
mentes é a principal dificuldade enfrentada
em vários projetos de grande abrangência,
mas seu mercado não é incentivado, e isso
inviabiliza investimentos na produção”, res-
salta. Atualmente, o Ipef entende que a via-
bilidade comercial é fundamental para que
os produtores não abandonem a atividade.
“O insumo semente deve ser valorizado e
seu mercado deve ser organizado para que
possa crescer", enfatiza.