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do obtém, em geral, 400 caixas por mil pés”,
calcula. “Dependendo do preço de merca-
do, o tomate é um investimento melhor do
que qualquer ação na bolsa, pois se ganha
em um período relativamente curto de tem-
po. Em 240 dias, o tomaticultor estará com
dinheiro no bolso, mas precisa enfrentar os
riscos”, pondera.
Conforme o Ph.D. em genética e melho-
ramento de plantas, a ciência também tem
contribuído para que os frutos sejam mais
resistentes e cheguem ao seu destino intac-
tos, sem estragar pelo caminho. Antes do
surgimento dos híbridos, o tomate tipo San-
ta Clara tinha perdas superiores a 20%. Em
fretes de Brasília para Belém, por exemplo,
chegava-se a 40% de frutos perdidos. “A agre-
gação de valor genético às sementes resulta
em qualidade para o consumidor e rentabili-
dade para o produtor, embora alguns genes
venham afetando negativamente o sabor. Por
isso, o desafio do melhoramento genético é
fazer novos tomates híbridos, que sejam lon-
ga-vida e que gostem de viajar, mas que tam-
bém intensifiquem o sabor e estimulem o
consumo", enfatiza Boiteaux.
ORGÂNICO,
TENDÊNCIA
CONFIRMADA
Embora o tomateiro tenha 200 tipos
de doenças descritas, a tecnologia de
híbridos tem dado respostas positivas
para a cadeia produtiva em termos de
resistência genética. E a inclinação é
que no futuro haja variedades ainda
mais resistentes, que também possibi-
litem a expansão do cultivo orgânico.
Pesquisa feita nos Estados Unidos, em
2015, demonstra que a mudança dos
hábitos alimentares é umcaminho sem
volta, com pessoas cada vez mais pre-
ocupadas com uma alimentação sau-
dável, à base de frutas e hortaliças, de
preferência cultivadas semagrotóxicos.
O pesquisador Leonardo Boiteux, da
Embrapa Hortaliças, ressalta que para
atender a esses consumidores, cada vez
mais exigentes, é preciso diversificar os
cultivares, viabilizando grupos varietais
que atinjam diferentes nichos de mer-
cado. “O crescimento, tanto da produ-
ção orgânica quanto da convencional,
depende de materiais genéticos que
possam enfrentar alguns problemas li-
mitantes, como o próprio aquecimento
global e suas altas temperaturas, que
podem inviabilizar o pólen e reduzir a
produção de tomates”, justifica. Com a
evolução das pesquisas, a tendência é
de que o ouro vermelho seja uma esco-
lha cada vezmais acertada no campo.