Jornal Emater Edição 6 - page 10

CÁSSIOFILTER
N
a casa grande e confor-
tável encravada no li-
mite da área urbana de
Nova Pádua vivem três
gerações da família Vedana. E resi-
dem juntos por opção. Estemode-
lo de convivência entre filhos, pais
eavós épraticamenteumsímbolo
da colonização italiana e está pre-
sente em dezenas de milhares de
minifúndios de todas as regiões
do Rio Grande do Sul.
Tal qual a maioria destas famí-
lias, os Vedana foramos primeiros
e seguem sendo os únicos a ocu-
parem o lote de terras no qual vi-
vem. E foi coma uva que a primei-
ra geração começou a viabilizar a
propriedade, que hoje tem apro-
ximadamente 30 hectares. Este é
um dos orgulhos de Daniel, o pri-
mogênito do casal Gaspar e Eva-
nite. Aos 24 anos, é ele quemdeve
seguir no comando da proprieda-
de. A irmã mais nova, Soiane, de
20 anos, tem planos de morar na
quartageração
COMEÇAAASSUMIR
umvinhedoquehá
quaseumséculo
GARANTEOSUSTENTO
dafamÍLIAVEDANA
EMNOVAPádua
RETRATODEFAMÍLIA
OsVedanasãosósorrisos
Embora todas as decisões se-
jam tomadas em conjunto, são
Gaspar e Evanite os que coman-
damos rumosdonegócio, diante
de qualquer impasse. O filho Da-
niel não esconde que até prefere
que seja assim. “É aquela coisa
que, se der errado, daí eu não
levo a culpa. Até prefiro que seja
do jeitodelesporenquanto”,dizo
jovem, sorrindo.
Mas é claro que as mudanças
tecnológicas acabam impactan-
donessarotinaa favordeDaniel.
Aos poucos, ele vai ganhando
espaço e também interfere nas
decisões. Meses atrás, por exem-
plo, a família decidiu que preci-
sava de um novo distribuidor de
adubo. Coube ao jovem fazer a
pesquisa de modelos, com aná-
lise dos pontos favoráveis e con-
tráriosdecadaum. “Assimagen-
te vai ajudando também, né? O
pai comprava semavaliar tanto.
Gostei de eles terem me ouvido.
A gente vai pegando confiança.
Acho importante”, confessa. Ele é
técnico em mecatrônica, forma-
dopeloSenai deCaxiasdoSul.
Daniel tornou-se umconsultor
cidade. “Hoje, a vida é muito di-
ferente de outros tempos. Antiga-
mente não existia tanto diálogo.
Acho que isto é fundamental para
os dias atuais. Aqui em casa nós
conversamos sempre, e muito”,
explica Evanite.
Assim como o comportamen-
to das gerações, o perfil produ-
tivo do minifúndio também foi
se transformando com o tempo.
Os pioneiros, já falecidos, inicia-
ram o cultivo de uvas. O primeiro
descendente, Idalino, hoje com
75 anos, junto com a esposa Ida,
ampliou os parreirais e iniciou um
rebanho de gado leiteiro, que foi
uma espécie de “presente” para
o filho Gaspar começar a vida ao
lado da esposa. Agora, além da
uva e do leite, cuja produção foi
aprimorada, Gaspar investe em
olericultura, principalmente alho
e cebola. E, por enquanto, são es-
tes dois cultivos o “presente” para
Daniel começar a vida. A preferên-
cia do rapaz por lidar com a terra
e não pela criação de animais aca-
bou pesando na decisão.
Se o trabalho é bemdividido, a
rentabilidade dos negócios tam-
bém. Nos parreirais, todos atuam
e têmparticipaçãonos resultados,
desde os netos até os avós. Já na
produção de leite, a condução é
feita pelo casal, com a ajuda dos
filhos. No cultivo de alho e de ce-
bola, Daniel é quem age, com o
apoio do pai, principalmente nas
questões de comercialização.
A certeza dos Vendana é de que
é este bom relacionamento que
fortaleceas raízesda famílianope-
daço de chão que ocupam desde
que chegaramà região.
10
JORNAL DA
EMATER
agosto de 2017
1,2,3,4,5,6,7,8,9 11,12,13,14,15,16,17,18,19,20,...24
Powered by FlippingBook