Jornal Emater Edição 6 - page 14

Adrianefagundes
E
spécie nativa do RioGrande do Sul, o bu-
tiáéencontradoemdiversasáreasdoEs-
tado. No Litoral Norte, na região Sul e no
Planalto, há árvores de butiá de oito das
27 variedades encontradas nomundo. Típicoda
biodiversidade do Sul do País, o butiá como o
conhecemos hoje é resultado de uma evolução
demilharesdeanos.Apalmeiradispensapodas,
focode entradade doenças, e é tolerante ao frio
e à geada. Por ser originária daqui, atrai a fauna
silvestre, inclusiveospolinizadores, favorecendo
aperpetuaçãoeamanutençãoda flora local.
A busca pelo conhecimento, bem como a
valorização e a preservação do butiá, começou
comoRSBiodiversidade. Apesar de encerrado,
este segue com o envolvimento das entidades
que fizeram parte do projeto, e que mantêm
atividades de divulgação dessa espécie nativa
do Pampa. “No Estado, encontramos butiazais
commais de 30 anos de idade, commuito boa
produção. Podem chegar a dois séculos pro-
duzindo generosos cachos com a fruta, que,
conforme a espécie, vai de azedinha e fibrosa a
mais avermelhada e carnuda”, observa a biólo-
ga e pesquisadora Rosa Lia Barbieri, da Embra-
pa Clima Temperado, de Pelotas, doutora em
genética e que desde 2010 pesquisa os butiás.
Com a conclusão do programa RS Biodiver-
sidade, emnovembro de 2015, Embrapa, Ema-
ter/RS-Ascar e várias parceiras ligadas à produ-
çãodobutiá lançaramaRotadosButiazais, que
integra, de forma participativa, atores de 30
municípios gaúchos e cinco catarinenses. Ape-
sar de não ter muitos butiazais preservados,
Giruá, com sua Festa do Butiá, é uma das cida-
des gaúchas que integram o roteiro. Em 2016,
promoveu intercâmbio e visita de agricultores
e artesãos a Tapes (visita retribuída por produ-
tores desse município), onde está a maior área
preservada combutiás emsolo gaúcho.
“Com a parceria da Emater, rodamos par-
te do Estado para mobilizar as comunidades,
incentivando o artesanato, a alimentação e as
bebidas a partir da fruta, estimulando as pes-
soas para fortalecer nossa identidade cultural
com esta espécie”, lembra Rosa, ao citar a re-
alização de visitas técnicas, oficinas de culi-
nária e de artesanato, palestras, seminários e
reuniões locais para valorizar a cultura do bu-
tiá e conquistar a opinião pública.
Umaforça-tarefa
estáresgatando
ocultivodebutiá
ecriandovários
tiposdeprodutos
apartirdessa
frutanativa
tradição
Paranãocairdobolso
O objetivo da Rota dos Butiazais é con-
solidar um roteiro turístico internacional de
valorização da biodiversidade do Rio Gran-
de do Sul e dos países vizinhos, Uruguai e
Argentina, que apresentam grandes áreas
com esta espécie, mas não com a diversi-
dade encontrada no Sul do Brasil. “A ideia
da Rota é promover a preservação do butiá
através dos usos”, observa Rosa Lia Barbieri,
ao defender a integração e a conexão entre
aspessoasparapromovereestimularousoe
apreservação do butiá e dos butiazais.
Entusiasta, Rosa avalia que “a Rota mu-
dou a visão da preservação do butiá porque
dá renda”. Para a pesquisadora, as pessoas
(agricultores, cozinheiros e artesãos) desco-
nheciam os usos possíveis e, “depois de par-
ticipar das capacitações, passaram a ver o
butiá de forma integral, incluindo as folhas,
os cachos e as sementes”, observa.
Uma rota para divulgar o butiá
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