Elo entre netos e avós, o casal
Evanite eGaspar não esconde a ale-
gria de manter uma relação mais
aberta com os filhos, ao contrário
da que tiveram com seus pais. À
mesaounasala, odiálogoésempre
franco, seja sobre a propriedade ou
mesmo sobre os planos de vida de
cadaum. “Nonossotempoeratudo
muito inseguro. Não se tinha liber-
dade para questionar ou comentar
alguma coisa na propriedade. Nós
casamos e durante quase 10 anos
ficamos trabalhando sem saber ao
certo o que nos caberia no futuro. A
questãoseresumiaatrabalharetra-
balhar. Não existia isso de fazer pla-
nejamento”, lembraaagricultora.
Aideia,portanto,éfazercomque
os filhos Daniel e Soiane tenham
uma transição mais tranquila, com
a possibilidade de optar por aquilo
emque realmente têm interesse, já
que a propriedade está bem-estru-
turadaatualmente. No iníciodadé-
cadade1990, nemcercahaviapara
orebanhodegado leiteiro. “Agente
caminhava muito para trazer os 10
animais, e a ordenha era toda ma-
nual. Hoje, as vacas têm piquetes,
recebem alimentação balanceada,
e o sistema de ordenha é automa-
tizado”, citaEvanite.
Daniel, por exemplo, chegou a
trabalhar fora da propriedade e op-
tou por retornar à atividade rural,
tanto pela rentabilidade quanto
pela satisfação. O fato de a área ser
bem-organizada e ficar próxima da
área urbana pesou na decisão do
jovem, que pretende, após assumir
o controle da propriedade, focar no
Propriedade da
família Vedana situa-
se no limite daárea
urbana comomeio
rural deNovaPádua,
cidade vizinhaa
Flores daCunha
Uma série que mostra a re-
alidade dos diferentes tipos de
família que vivem na área rural
do rio grande do sul, retratando
as particularidades regionais, a
adaptação às mudanças de tec-
nologia e de comportamento e
como isto impactano cotidiano.
Série retrato
de família - 2
Sucessão
mais light
cultivo de hortaliças e parar com a
produção de leite. “Gosto mais de
mexer com a terra e acho menos
penoso. Mesmo com todos os equi-
pamentos,oleitedámuitotrabalho.
Temdeterdedicação”, sentencia.
Enquanto este momento não
chega, Daniel vale-se das experiên-
ciasdopai edoavô, comquematua
em especial nos parreirais. Aos 73
anos, seu Idalino não hesita em su-
bir o aclive da propriedade para fa-
zer apodados 5hectares juntocom
aesposa.Nacolheita,tambématua.
A convivência entre as gerações é
tranquila. O casal de idosos ocupa
umaparteda casaonde tema liber-
dadedefazersuaprópriarotina,que
normalmente é dormir cedo e acor-
darantesdoalvorecer.
Aantigacasademadeiranaqual
viviam ficoupreservadaevirouuma
espécie de “museu” particular. Tal-
vez para ajudar os futuros descen-
dentesdosVedanaacontarestahis-
tória,quesereplicouemdezenasde
milhares de minifúndios ocupados
por descendentes de italianos no
RioGrandedoSul.
11
JORNAL DA
EMATER
agosto de 2017